sábado, 15 de junho de 2013

Sobre a Educação e o (des)Governo

É triste ver o estado a que este país chegou. Esta situação de desgoverno total tem consequências graves em todos os ramos da sociedade. Podia falar da Economia do país, mas seria mais do mesmo e nem sequer é a minha área; podia falar sobre a Saúde, mas também não me acho a mais competente. Mas, como aluna do 12º ano sinto-me na posição privilegiada, mas cada vez com menos condições e  apoios, de falar na primeira pessoa sobre a Educação.
Depois de doze anos de escola, posso dizer que já vi muita coisa. Muitas dessas coisas revoltaram-me: a atribuição de subsídios a alunos que vivem bem e apenas o recebem por declararem apenas parte dos rendimentos; os livros que são extremamente caros e alguns alunos não conseguirem, de nenhuma maneira, suportar essa despesa. Estes são apenas parte dos exemplos.
À medida que a crise se instalou em Portugal e deixou a sua marca em todos os sectores, eu vi a qualidade do ensino a manter-se, ou até a melhorar. E não, não foi por mais apoios do Governo à Educação. Foi pelo esforço sobre-humano de pais, professores e diretores das escolas. Há todo um jogo de cintura para que os alunos não sofram as consequências dos cortes na Educação, e por vezes isso não é valorizado. Se os alunos não tiveram quebras no rendimento escolar, se não abandonaram a escola, se não desistiram, não foi porque o Governo tenha conseguido motivá-los. Quem o fez foram os professores. Aqueles que, segundo José Luís Peixoto «não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efetiva. O trabalho dos professores é a generosidade.»
Hoje os professores lutam pelos seus direitos. Sou aluna de Línguas e Humanidades e estudei todos os passos das liberdades, dos direitos inalienáveis do Homem, da democracia. Estudei como se instalam as ditaduras, sei-o bem. E digo que já faltou mais para que isso aconteça. Sou também aluna de Ciências Políticas, disciplina pouco lecionada mas que me ajudou em muito a perceber esta caminhada para o Estado Mínimo.
O que eu não entendo é como é que o Governo não pensa efetivamente no bem dos alunos. E este ano foi especialmente polémico: primeiro, os exames nacionais de 12º versariam sobre a matéria dos três anos, com efeitos imediatos (que acabou por ser adotado de forma progressiva), e agora com este braço de ferro com os professores, que vai fazer com que sejam colocados no Ensino Superior, na 1ª fase, alunos que se submeteram a duas provas diferentes.
Ora, se o objetivo dos exames nacionais é uniformizar o acesso ao Ensino Superior, em que a prova de ingresso é igual para um aluno do Norte ou do Sul, como é possível conceber que, dentro da mesma escola, possam haver alunos a ser sujeitos a duas provas diferentes? Para além do mais, esta postura do Governo acentua ainda mais as diferenças entre Ensino Público e Privado visto que no Privado dificilmente as greves são feitas, talvez por medo de represálias.

Concluo então com uma certeza: daqui a uns anos, esta greve será matéria de estudo nos bancos da escola. E espero, sinceramente, que seja lecionada como causa-próxima de uma revolução. E que, se essa não for bem sucedida, seja a base para uma mudança de mentalidades, pela retoma da consciência de equidade e de Nação.

quarta-feira, 6 de março de 2013

O chavismo segue em frente, mesmo contra a Constituição

Ainda antes de tomar posse, Hugo Chávez certificou-se de passar o testemunho a Nicolás Maduro, que agora vai ficar no poder pelo menos até às eleições.

 

http://www.tvi24.iol.pt As últimas palavras que o mundo ouviu de Hugo Chávez foram uma passagem de testemunho. Antes de ir para Cuba, para realizar a quarta cirurgia contra o cancro, em dezembro, o presidente venezuelano certificou-se que seria o seu herdeiro Nicolás Maduro a tomar as rédeas do país, nomeando-o na altura vice-presidente, mesmo antes de tomar posse.
«Se alguma coisa acontecer e eu ficar inabilitado de alguma maneira, Nicolás Maduro não só deve concluir o período, como manda a Constituição, como também a minha opinião (...) é que, nesse cenário, que obrigaria a convocar eleições presidenciais, vocês devem eleger Nicolás Maduro como presidente. Peço-vos isto do fundo do coração», disse Chávez.

A Constituição, no entanto, não está do lado dos chavistas. O primeiro entrave surgiu logo a 10 de janeiro, quando o presidente não tinha condições para tomar posse, como manda a lei. O imbróglio jurídico foi na altura ultrapassado com o Supremo Tribunal de Justiça a permitir que a data fosse adiada interminavelmente. O governo venezuelano e o vice-presidente Nicolás Maduro poderiam, então, deixar de estar preocupados com a pressão da oposição para designar um presidente interino e convocar novas eleições enquanto Hugo Chávez estivesse vivo.

No entanto, a morte confirmada esta terça-feira trouxe-lhes um novo problema. A «falta absoluta» do presidente, segundo a Constituição venezuelana, quando acontece antes deste tomar posse, como foi o caso, obriga a novas eleições nos próximos 30 dias. «Enquanto se elege e toma posse o novo Presidente, encarregar-se-á da Presidência da República o Presidente da Assembleia Nacional», diz o artigo 233. O cargo só é entregue ao vice-presidente quando a «falta absoluta» acontece após a tomada de posse, que nunca chegou a acontecer.

O Presidente da Assembleia Nacional é Diosdado Cabello, que, embora também pertencente ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o partido de Chávez e Maduro, protagonizou contra este último uma luta pelo poder quando o presidente falhou a tomada de posse. Se a decisão do Supremo na altura favoreceu Nicolás Maduro, agora a Constituição manda que seja Cabello a ficar no poder até às eleições.

No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano já veio anunciar que será Maduro a assumir as funções presidenciais nas próximas semanas. «Na Constituição está claramente estabelecido o que há a fazer. Aconteceu uma falta absoluta, agora assume o vice-presidente e convocam-se eleições nos próximos 30 dias», afirmou Elias Jaua, numa entrevista à Telesur.

Não só tal não está consagrado na Constituição, como ainda contradiz outro artigo da lei fundamental. «Não poderá ser eleito Presidente da República quem está no exercício do cargo de vice-presidente (...) no dia da sua nomeação ou em qualquer momento entre esta data e as eleições», lê-se no artigo 229.

Maduro podia alegar que não tomou posse como vice-presidente para que a sua mais do que esperada candidatura não fosse ameaçada pela Constituição, mas os chavistas estão dispostos a arriscar para evitar que seja o presidente da Assembleia Nacional o nomeado até às eleições.

Diosdado Cabello evitou alguma confrontação neste momento. Esta terça-feira, numa curta declaração, disse apenas que todos estão «obrigados a não falhar ao presidente» e que não é altura de «dar espaço à intriga». Nessa altura, no entanto, ainda o governo venezuelano não tinha anunciado que seria Nicolás Maduro a assumir as funções.

Maduro, ex-motorista e sindicalista de 50 anos, tem estado praticamente em campanha desde que Chávez partiu para Cuba. A sua máquina está hoje mais fortalecida do que nunca para tomar o poder do partido e do país. Mesmo tendo perdido o seu líder, a sua referência, os chavistas parecem entregues ao herdeiro desta ideologia, que, caso o Conselho Nacional de Eleições consiga mesmo realizar o escrutínio em 30 dias, beneficiará ainda da emoção do povo com a morte do presidente.

sábado, 23 de fevereiro de 2013


Uma das coisas que mais mexe comigo e me revolta é a teimosia do povo português em ser conformista. Quem diria que um povo que  fez uma revolução à cerca de 40 anos atrás se tornou tão pacato? Hoje o país está chocado com a conduta de dois polícias, que expulsaram um rapaz do comboio porque este não comprou bilhete para a cadela. Os polícias e a CP estão a ser altamente criticados... Mas o povo esquece a história também recente do polícia que, após ter sido chamado por denúncia de um furto num supermercado, onde apenas tinham tentado roubar alimentos básicos e essenciais, e o mesmo polícia disponibilizou-se a pagar a quantia que, embora pequena, era decisiva.
Atualmente a classe política está descredibilizada. O povo sente que está a ser lesado, não está totalmente adormecido. Mas o povo, por se sentir injustiçado, dispara em todas as direcções - e talvez nas erradas. Ou poderemos nós esquecer que o facto de o nosso país ser hoje livre se deve à classe militar?
O que é de facto importante é fazer com que não se perca a veia activa e reivindicativa do povo português. É importante que este lute, saia à rua e aja. Eis então mais uma oportunidade de o fazer: na Manifestação de 2 de Março.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Gaspar: «É apropriado discutir a saída do programa de ajustamento»

Ministro considera «prematuro» dizer que «crise está ultrapassada» e assegura que país está em condições de fazer nova emissão de dívida.

 O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse esta quarta-feira, em Frankfurt, que Portugal está em condições de fazer uma nova emissão de dívida de mais longo prazo. Ainda assim, revelou que o país não tem pressa. «É apropriado discutir a saída do programa e a recuperação do acesso aos mercados», atirou.

«É prematuro afirmar que a crise está ultrapassada. Já superamos metade do programa de ajustamento económico, por isso é apropriado discutir a saída do programa», reforçou na cidade alemã, citado pela Bloomberg.

Gaspar garantiu, depois, que o Governo vai acompanhar a par e passo «as tendências do mercado» para aproveitar «as oportunidades para novas emissões» que apareçam. Isto depois de, na semana passada, o país ter regressado aos mercados primários de dívida de médio e longo prazo, quando a meta apontava apenas para setembro.

O titular da pasta das Finanças assegurou ainda que o programa de privatizações é «a principal bandeira» do resgate português e que a troika ficou «encantada» com os resultados assinalados ao nível do memorando.

Quanto à privatização da TAP, «novidades só nos próximos meses».

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Merkel recebe um grande apoio do seu partido e lança nova campanha


A chanceler alemã, Angela Merkel, na terça-feira passada lançou sua candidatura para um terceiro mandato como chefe do governo alemão nas eleições parlamentares de 2013, com uma triunfante reeleição como chefe da União Democrática Cristã (CDU) e da promessa de proteger o país da crise económica que assola a Europa.
Reuniram-se num congresso em Hanover (norte), os delegados do Partido Conservador Alemão reelegeram-na como presidente da CDU com resultados espetaculares (97,94% dos votos), o melhor nos 12 anos em que o partido tem estado na vanguarda da formação.
"Eu fico com a boca aberta, eu estou animada", disse a chanceler, enquanto era ovacionada ao anunciar o resultado.
Anteriormente,  num discurso de uma hora para os delegados, a chanceler, no cargo desde 2005, fez um balanço da sua gestão e foi apresentado como uma personalidade providencial contra a crise económica.
"Às vezes estamos num mar agitado", disse ele, referindo-se à crise. A líder conservadora disse que as perspectivas de crescimento não são tão bons como o esperado para o próximo ano.
Mas, "enquanto outros países europeus estão em recessão, nós somos o motor do crescimento na Europa (referindo-se à Alemanha)", disse ela.
"Tudo isso não cai do céu (...), podemos estar orgulhosos" da ação do governo, disse ela.
A chanceler lembrou que a Alemanha tem agora a "mais baixa taxa de desemprego" e "uma taxa de desemprego de jovens das mais baixas da Europa."
Angela Merkel, salientou os aspectos positivos do seu saldo: um elevado nível de criação de emprego e investimento em pesquisa e educação, bem como o abandono da energia nuclear, entre outros.
O chanceler, que quer manter o curso, reiterou a sua vontade de continuar a aliança com os liberais após as próximas eleições legislativas.
De acordo com a opinião dos alemães é muito provável que a chanceler volte a ganhar as legislativas.
Parece que vamos continuar nas mãos desta senhora.